Na estreia no cargo da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti patinou. Contra as expectativas, Ideli não compareceu ontem ao almoço com os líderes da base na Câmara, deixando-os irritados. Em vez disso, no mesmo horário, almoçava com parlamentares da bancada do PR no Palácio da Alvorada.
Para tentar diminuir o estrago, a ministra convidou os aliados, no fim da tarde, para um encontro no Palácio do Planalto. O novo comando político do governo começou debaixo de muita desconfiança, principalmente na Câmara. Os líderes cobram resultados concretos das demandas paradas no Palácio do Planalto.
Em contraste com a ausência de Ideli, o ex-articulador político Luiz Sérgio, presente no encontro, foi aplaudido pelos líderes. Recém-deslocado para a pasta da Pesca, Luiz Sérgio sempre participou das reuniões dos líderes da base realizadas durante almoço às terças-feiras. Ontem, ele agradeceu o apoio que recebeu dos aliados. 'A ministra tem de entender que o Legislativo não é o Senado. Se ela acha que o Legislativo é o Senado, está enganada', reclamou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).
Com receio do comportamento da base, o governo trabalha para esvaziar a Câmara até o fim do mês, usando as festas juninas como pretexto para não haver votações. A estratégia é impedir que chegue ao plenário uma agenda considerada 'espinhosa' pelo governo Dilma Rousseff. No almoço, os líderes decidiram insistir em duas propostas: a emenda constitucional que cria um piso salarial nacional para os policiais civis, militares e bombeiros (conhecida por PEC 300) e a regulamentação dos gastos com a saúde definidos pela Emenda Constitucional 29, sem a criação de uma contribuição para financiá-los.
Por Denise Madueño e Eugênia Lopes / BRASÍLIA
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